Por Joaquim Haickel
Eu era muito jovem quando assisti pela primeira vez ao filme, “Quem tem medo de Virgínia Wolf?”. Na época, aquele não era o tipo de filme que eu apreciava, mas o título chamou muita minha atenção desde a primeira vez que o vi, inclusive ele me serve até hoje como referência, para quando eu preciso saber que medo alguém ou alguma coisa possa causar para mim ou para outras pessoas.
Lembro de já ter usado esse artifício, substituindo o nome da magnífica escritora inglesa pelo de meu pai, Nagib Haickel, pelo de Sarney, pelo de Lobão quando eu trabalhava com ele, pelo de Roseana, pelo de Lula e mais recentemente fiz a mesma coisa com o nome de Flávio Dino e de Bolsonaro. O resultado é sempre bastante esclarecedor.
Ontem, zapiando nos canais de streaming, deparei-me com esse filme, que é estrelado por Elizabeth Taylor e seu, várias vezes marido, Richard Burton. Taylor inclusive ganhou um Oscar em 1967 por sua atuação como Martha, personagem principal dessa obra, adaptada por Ernest Lehman da peça de mesmo nome, escrita por Edward Albee, para o filme dirigido magistralmente por Mike Nichols.
Fiquei imaginando a quem adaptar o título daquela obra, neste momento. Poderia ser novamente a Lula ou a Bolsonaro, mas nesses casos, seriam perguntas fáceis de responder. Todo mundo sabe quem tem medo de um e de outro. Todo mundo está cansado de saber que medo cada uma dessas figuras faz aflorar e em quem.
Resolvi então fazer a tal pergunta e usar no lugar do nome da senhorita VW, o nome de meu amigo Carlos Brandão, que acaba de assumir o governo do Maranhão, em substituição a Flávio Dino.
A primeira resposta que me veio à cabeça foi o nome de Weverton Rocha, que jura de pés juntos que não teme o hoje governador, mas eu acho que deveria, pelo menos um pouco, afinal de contas, sentado na cadeira e com a caneta em punho, qualquer um é de causar medo.
O segundo nome que me veio à mente foi o de Flávio Dino, até porque qualquer coisa que se diga no Maranhão, tem de ser referenciada por ele, afinal ele governou nosso Estado, sem compartilhar ou dividir o poder com ninguém, durante 87 meses, 2.654 dias, de forma quase tão absolutista quanto Luís XIV.
Mas não acredito que Dino deva sentir qualquer tipo de medo em relação a Brandão.
Carlos será leal e não fará nada que macule a amizade que há entre eles. Porém, se eu fosse Flávio, ficaria morrendo de medo de todos os outros políticos do Maranhão, pois cada um deles, que foi destratado, ou tratado mal pelo ex-governador, não vai deixar escapar a oportunidade de dar-lhe alguma forma de troco, pelo tratamento que lhe foi dispensado. Isso certamente é motivo suficiente para causar medo, e dos grandes.
E o povo do Maranhão, teria algum motivo para ter medo de Carlos Brandão? Penso que não. Carlos é um homem de boa índole e boa formação, devotado à família, amigo de seus amigos… Um sujeito de hábitos simples, equilibrado e sem ambições desmedidas ou extravagantes.
Acredito que uma das maiores ambições do atual governador é também uma que eu teria se estivesse no lugar dele: Ser conhecido e reconhecido como um bom governador, não como um sujeito que promete coisas mirabolantes que sabe ser impossível de realizar, mas um governante capaz de dar o melhor de si para conseguir o melhor possível para seu povo.
E os políticos!?… Será que eles têm motivos para ter medo de Carlos Brandão? Não creio, até porque parece que ele está trazendo para seu lado quase todos eles! Os que não vierem agora, caso Brandão vença a eleição, vão acabar, de alguma forma, se aproximando, pois um político sábio e experiente, não descarta apoio.
No final, a conclusão a que chego é que medo não é uma coisa que se deva sentir em relação a Brandão, porém é bom lembrar que ele é um sertanejo, e como disse o grande Euclides da Cunha, o sertanejo é antes de tudo, um forte, e forte aqui deve ser entendido como lutador, alguém que não foge da luta, alguém que sabe por que e por quem lutar, alguém que como meu pai, “Dá um boi para não entrar numa briga, mas depois de estar nela, dá uma boiada pra não sair”.
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