Maranhão terá a primeira universidade indígena do Brasil em território originário

Com a presença do governador Carlos Brandão e da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, a pedra fundamental de ampliação do Centro de Saberes Tenetehar Tukàn, no município de Amarante do Maranhão, foi lançada nessa quarta-feira (11). O ato corresponde ao passo inicial para a instituição tornar-se uma universidade dentro de um território indígena, a primeira do Brasil.

O objetivo do Centro de Saberes Tenetehar é desenvolver ações que promovam educação, saúde, cultura, produção agrícola e preservação ambiental, voltadas à integração e autonomia dos povos indígenas da Terra Indígena (TI) Araribóia. O Centro também trabalha com educação bilíngue, em Tupi e português, para crianças, jovens e adultos de todas as idades.

O governador Carlos Brandão definiu o momento como uma data histórica para mostrar a força da união em prol dos povos originários e inspirar o mundo.

“Plantamos uma semente para criar a universidade indígena, e será a primeira do Brasil em território originário. Será uma referência não só para o Maranhão, mas para o Brasil e para o mundo. É uma oportunidade ímpar, e nós temos que lutar pelos direitos dos povos indígenas. O que estamos fazendo aqui é dando cidadania, e eu não tenho dúvida que esta obra será um grande legado. Estamos muito felizes por realizar esse sonho”, afirmou Brandão.

A ministra Sônia Guajajara definiu o ato como a abertura de novas portas para os povos originários. “É um momento histórico, e o lançamento dessa pedra fundamental representa a inauguração de uma universidade indígena dentro de um território indígena, aqui no Araribóia. A partir daqui temos uma abertura de portas para que a juventude possa entrar e concluir o Ensino Superior, essencial nos dias de hoje”, comentou a ministra.

Na ocasião, também foram assinados protocolos de intenções entre o Instituto Tukán, responsável pelo Centro de Saberes, com a Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UemaSul) e com o Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema). As parcerias permitirão que sejam oferecidos diversos cursos na unidade.

“É um momento importante e único para a história do Maranhão e da educação, sobretudo respeitando os direitos humanos, respeitando a origem e a história dos povos originários. É um marco na história do Maranhão e do mundo, pois teremos a primeira universidade indígena. Eu fiquei muito emocionada”, frisou a diretora-geral do Iema, Cricielle Muniz.

O presidente do Instituto Tukán, Sílvio Guajajara, ressaltou a importância da ampliação do Centro de Saberes para a transformação em uma universidade. “Para o nosso povo é de suma importância essa inauguração, pois é um passo firme para a retomada da nossa educação indígena. Isso vai fortalecer tanto os nossos jovens quanto os nossos professores. É o fortalecimento da nossa cultura, língua e identidade”, disse.

Também presente na cerimônia, a diretora executiva do Instituto Tukán, Fabiana Guajajara, definiu o momento como um divisor de águas.

“É um divisor de águas para o nosso povo e para outros povos. É um momento único, pioneiro e com o protagonismo indígena, então é mais do que especial. O nosso sentimento é de gratidão, e sabemos que novos desafios estão por vir”, declarou.

O lançamento da etapa inicial da obra conta com o patrocínio da Equatorial e da Fribal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Maranhão. O projeto inicial envolvia o registro fotográfico dos povos originários e foi crescendo com outras propostas, o que uniu as empresas, a gestão estadual e o apoio da gestão federal, resultando na proposta da universidade.

“Uma coisa que eu já tinha dito anteriormente é que a união de setores do governo e de todos os entes, como a iniciativa privada, traz uma energia muito grande que viabiliza esse tipo de iniciativa. Tenho certeza de que em pouco tempo vamos colher frutos desse trabalho e mostrar para o mundo a força que tem a união desses entes para a comunidade organizada”, observou o diretor-geral da Fribal, Carlos Schmidt.

O diretor presidente da Equatorial Maranhão, Sérvio Túlio, definiu como motivo de orgulho a participação no projeto. “É com muita emoção que a Equatorial se associa a um projeto dessa envergadura. Estamos plantando uma semente, mas é uma semente que já germina e vai trazer árvores frutíferas para promover a cultura indígena com a Universidade do Saber. A Equatorial está junto nesse projeto e eu tenho certeza de que vai ser um exemplo para o mundo”, destacou.

Exposição

Além da pedra fundamental para a ampliação do Centro de Saberes Tenetehar Tukàn, também foi lançada a exposição Ritos Tenetehar, dos fotógrafos Taciano Brito e Meireles Jr. A mostra revela a beleza e a profundidade dos rituais Tentehar.

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