Carlos Brandão (PSB) tem aliança de 11 partidos, do PSDB ao PT, incluindo o MDB do ex-adversário clã Sarney, e se vende como continuidade; entre os concorrentes estão Weverton Rocha (PDT) e Lahesio Bonfim (PSC), único bolsonarista declarado.
Apoiado pelo ex-governador Flávio Dino (PSB) e pelo ex-presidente Lula (PT), o atual governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), desponta como favorito à reeleição no estado. Com cerca de 40% das intenções de voto, ele busca atrelar sua imagem à dos padrinhos políticos na eleição para consolidar sua liderança na disputa. A tendência, de acordo com analistas políticos, é de que as alianças contem, nesta eleição estadual, mais do que as propostas.
Brandão foi vice de Dino por sete anos e meio e agora tem o apoio até do MDB controlado pelo clã Sarney, histórico adversário do ex-governador maranhense e que hoje dá suporte à sua candidatura ao Senado. Na campanha, Brandão tem apresentado seu governo como a continuidade do projeto de Flávio Dino, que renunciou ao cargo em março para disputar o Senado em meio a uma taxa de aprovação que beirava os 60%.
Dois dos três principais adversários de Brandão, aliás, foram aliados de Dino. Weverton Rocha (PDT), que se elegeu ao Senado com o apoio do ex-governador em 2018, saiu do grupo político de Dino ao ser preterido na escolha de seu sucessor. Edivaldo Holanda (PSD), ex-prefeito de São Luís (2013-2020), também rompeu com o grupo político do ex-governador após ter tido seu apoio nas eleições de 2012 e 2016.
Ex-tucano, Brandão tem como seu principal desafio tornar-se mais conhecido do eleitor maranhense e tem a seu favor uma aliança de 11 partidos, do PSDB ao PT, passando pelo MDB da família Sarney.
A ampla coligação de Brandão lhe garantirá o maior tempo de TV no horário eleitoral gratuito, o que o entorno de sua campanha classifica como crucial para consolidar seu favoritismo. Os levantamentos internos do governador indicam que a maioria dos maranhenses se informa pela televisão.
Nas pesquisas locais, o atual governador tem o dobro da intenção de voto do senador Weverton Rocha (PDT), que tem o segundo maior tempo de TV, e do médico conservador Lahesio Bonfim (PSC), o único bolsonarista declarado entre os principais candidatos. Ambos aparecem com algo entre 15% e 20% nas sondagens. Edivaldo Holanda (PSD) aparece em seguida, com entre 5% e 10% das intenções de voto.
— O Maranhão sempre foi marcado por uma polarização entre a família Sarney e seus opositores. Dino foi eleito e reeleito em oposição ao que chamava de oligarquia dos Sarney, com apoio de um grupo político muito heterogêneo que hoje está rachado, ao passo que os Sarney perderam protagonismo e hoje apoiam Brandão.
A eleição aqui terá pouca discussão de programa, importará mais o conjunto de alianças — diz Wagner Cabral, professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Histórico de votações
Na visão do analista, deve pesar a favor de Brandão, também, o apoio de Lula, já que o Maranhão costuma votar massivamente em candidatos do PT. Em 2018, o petista Fernando Haddad teve 61,26% dos votos válidos no estado contra 24,28% de Jair Bolsonaro.
— A composição do MDB (de Sarney) com Brandão e Dino obedece em parte a alinhamentos nacionais. Houve um empenho grande de setores do MDB maranhense de se aproximar de Lula, por exemplo. Lula, Dilma (Rousseff) e Haddad sempre tiveram vitória confortável no Maranhão e os políticos locais querem se beneficiar dessa popularidade — afirma a cientista política Arleth Borges, da UFMA.
Na disputa com Brandão, o senador Weverton Rocha tem feito acenos tanto à direita quanto à esquerda e evitado criticar diretamente Flávio Dino. O eixo de seu programa de governo é a geração de empregos e suas principais promessas são resgatar um programa criado por Roseana Sarney voltado a inserir jovens no mercado de trabalho e outro direcionado a mulheres acima dos 40 anos.
Filiado ao partido de Ciro Gomes, o parlamentar já fez questão de dizer em entrevistas que é “muito próximo” de Lula e deu a entender que apoiaria o petista na eleição presidencial. À direita, Weverton obteve o apoio do PL, partido de Bolsonaro, que indicou o vice de sua chapa, Helio Soares. Em outro aceno ao bolsonarismo, apoia ainda a reeleição do senador Roberto Rocha (PTB), próximo do presidente da República.
— Brandão foi hábil ao conseguir atrair para si na pré-campanha importantes apoiadores de Weverton, como o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), tido como principal aliado de Weverton desde 2020, e da senadora Eliziane Gama (Cidadania) — diz o professor Wagner Cabral.
Entre os aliados que permaneceram com Weverton Rocha está o atual prefeito de São Luís, Eduardo Braide (sem partido).
O mais conservador
Ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, município de 4,6 mil habitantes no interior do Maranhão, Lahesio Bonfim (PSC) é o nome mais conservador na disputa e é o único candidato declaradamente bolsonarista entre os mais bem posicionados.
Com um discurso religioso, Bonfim se autodeclara “conservador cristão” e disputa votos principalmente com Weverton e também com o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda, que também é evangélico. Sua candidatura, no entanto, terá pouco tempo de exposição na televisão e carece de palanques regionais no estado.
Entre as bandeiras dos mandatos de Flávio Dino e Carlos Brandão no Maranhão estão a inauguração de restaurantes populares, voltados à população de baixa renda, que cobram R$ 1 por refeição, além da construção de escolas e a criação de uma universidade estadual (a Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão).
— Há o que mostrar. Em oito anos de governo, foram feitas 50 escolas técnicas e terminaremos o governo com cem escolas de tempo integral. A ideia é mostrar na campanha que os governos de Flávio Dino e Carlos Brandão melhoraram as redes de serviços públicos de educação e saúde — diz o secretário de comunicação do governo Brandão, Ricardo Cappelli.
Para o professor Cabral, porém, eventuais avanços não foram suficientes para resolver problemas estruturais do estado, que segue como um dos mais pobres do Brasil e com péssimo nível da infraestrutura.
Disputa pelo Senado reproduz polarização nacional
A eleição para o Senado no Maranhão deve emular a polarização do pleito presidencial, tendo como principais candidatos o ex-governador Flávio Dino (PSB), aliado do PT e que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como cabo eleitoral, e o senador bolsonarista Roberto Rocha (PTB).
Até o momento, o ex-governador tem ampla vantagem, que varia de 15 a 20 pontos percentuais, sobre Rocha. Sondagens locais mostram o pessebista com intenção de voto na casa dos 45%, contra de 25% a 30% do adversário.
A favor de Dino, que trocou o PCdoB pelo PSB para disputar a eleição, está a forte popularidade de Lula no Maranhão e sua gestão bem avaliada no governo. Ele deixou o cargo com taxa de aprovação perto dos 60%.
— Todos os governadores maranhenses que já se candidataram ao Senado foram eleitos, sem exceção. Dada a situação confortável de Dino, sua eleição parece ser favas contadas, a menos que surja um fato novo — afirma Wagner Cabral, historiador e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Ex-aliados
Embora estejam em campos opostos hoje, Rocha e Dino já foram aliados. Roberto Rocha, então no PSB, foi eleito vice de Edivaldo Holanda (então no PTC) em 2012 na prefeitura de São Luís com o apoio de Flávio Dino (então no PCdoB). Em 2014, Rocha se elegeu senador na mesma coligação de Dino. Ambos romperam ainda no primeiro mandato de governador do então comunista.
De lá para cá, Rocha mudou de partido duas vezes. Em 2017, migrou para o PSDB, onde permaneceu até o início do ano, quando trocou a sigla pelo PTB de Roberto Jefferson. É apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, que não tem candidato oficial ao governo do estado.
Na eleição deste ano, Dino conseguiu o apoio de nove partidos, inclusive o do MDB de Roseana Sarney, sua antiga adversária. Segundo um membro do entorno da campanha do ex-governador, foi importante para esse movimento de aproximação de ambos o apoio dado por Flávio Dino ao deputado Baleia Rossi, presidente nacional do MDB, quando o parlamentar disputou a presidência da Câmara dos Deputados contra Arthur Lira (PP-AL), além da proximidade de líderes do MDB maranhense com Lula.
Rocha tem o apoio do PDT do candidato a governador Weverton Rocha e de Lahesio Bonfim (PTC), único bolsonarista declarado na disputa pelo executivo estadual. O ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda (PSD) se declara neutro nacionalmente.
O senador buscou por meses se cacifar como o nome do bolsonarismo ao governo estadual, mas o partido do presidente, o PL declarou apoio a Weverton Rocha. Na pandemia, Rocha apresentou requerimento para uma CPI que investigasse a atuação de governadores, em uma estratégia articulada pelo Palácio do Planalto.
You may also like
-
Iracema Vale é reeleita para a presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão
-
Base aliada coordenada por Marcus Brandão elege 23 vereadores em São Luís
-
Leões comemoram um grande leque de aliados eleitos, e destaca três casos
-
Aeroporto de Imperatriz é entregue após obras de reforma, ampliação e modernização
-
ANDORINHA SÓ – Deputados saem em defesa do governador Brandão após críticas de Othelino Neto